As últimas
eleições suplementares realizadas para preencher os mandatos de membros do
Executivo, cassados por corrupção eleitoral ou abuso do poder político,
registraram número expressivo de abstenções.
Alguns
políticos, tidos como “experientes” em campanha eleitoral, dizem que a
abstenção para o Executivo é normal, sob o argumento de quem leva o povo para
votar é o Parlamento. Seriam os vereadores e deputados que funcionariam como a
força motriz e “atrativo” para os eleitores comparecerem as urnas.
Discordamos,
pois aumento progressivo no número de abstenções é fruto do descrédito da
população na classe política em geral. Seguindo esse “mote” com a deflagração
da operação lava-jato e outras desvendando escândalos de corrupção e malversação
do dinheiro público, a abstenção deve aumentar em progressão geométrica.
Nas
eleições suplementares no Tocantins, por exemplo, demonstrou-se que o povo não
está contente com a classe política, com abstenção no primeiro turno em mais 43%
somados os votos brancos e nulos. Já em agosto de 2017, o Estado do Amazonas
recebeu mais de 40% de votos inválidos no primeiro turno, enquanto no segundo
turno a soma de votos inválidos aumentou para 51,83% dos eleitores que não
escolheram nenhum dos candidatos.
Historicamente
desde 1998, segundo informações do TSE, o nível de abstenção nas eleições
presidenciais ano a ano vem aumentando. Em 2014, 19,4% do eleitorado brasileiro
não compareceu às urnas, o que vem a ser mais de 27,7 milhões dos 142,8 milhões
de eleitores no Brasil.
Ao
povo é preciso repensar a estratégia, pois os votos inválidos (nulos e brancos)
e as abstenções só favorecem os “políticos profissionais”, que tem seus redutos
e apoios políticos fechados, como verdadeiros currais eleitorais.
A
abstenção não anula eleição, mas ajuda determinantemente que maus políticos
consigam se eleger, com a abstenção e os votos inválidos (brancos e nulos) cai
o quociente partidário. O quociente partidário é a soma dos votos válidos
divido pelo número de cadeiras do parlamento, é desta matemática confusa que saem
os deputados estaduais, distritais e federais do país.
A
melhor forma de protestar é atuando politicamente, o povo precisa ir às urnas e
escolher os melhores candidatos. Só com a participação ativa é que os maus
políticos serão extirpados da vida pública.
O
recado do povo foi dado, contudo, se não houve abstenções maciças haverá
mudanças consideráveis no plano político nacional. O maior problema é a falta
de bons quadros para representar o Brasil!
De
uma forma ou de outra, os políticos terão quer rebolar muito para conseguir se
eleger. A força do dinheiro e a troca do voto por benesses não serão totalmente
decisivas neste processo eleitoral.
Os
líderes regionais e municipais não conseguirão transferir votos com facilidade.
A credibilidade, o serviço prestado e principalmente propostas serão as armas
que o político terá para tentar afastar a empatia do povo em comparecer as
urnas.
A
população está mais instruída politicamente, os meios de comunicação são mais
acessíveis e o peso da Justiça com as reiteradas cassações por abuso do poder
político, econômico e corrupção eleitoral, vem limitando consideravelmente as
ações ilegais.
A
melhor forma de mudar este estado de coisas é elegendo representantes
comprometidos com a coletividade e a coisa pública.